Em Minas Gerais bem antes e desde sempre, os doces eram em
calda, compotas. As frutas eram raladas, cozidas numa calda e guardadas em
compoteiras. Até nas festas eram esses os doces servidos, bem antes do
surgimento dos docinhos colocados em forminhas de papel. O mamão verde era um desses, feitos com ou sem coco ralado. O adoçado com rapadura se faz presente até hoje em algumas mesas. Descendência das cozinhas da época em que havia muita plantação de cana-de-açúcar, assim como engenhos de açúcar e rapadura.
Mamão é "trem" de mato, de quintal, de buscar na casa da vizinha, do parente. Dá na rua, simplesmente nasce!
Tem até nome na cozinha cuiabana:
Furrundum ou furrundu é um doce típico
da culinária da cuiabana e também da região do pantanal
mato-grossense. Também é facilmente encontrado na culinária do Vale do Paraíba.
É feito de cidra ralada ou de mamão verde ralado
com rapadura derretida ou açúcar mascavo. E como bem diz o
rasqueado cuiabano: "Furrundú é doce do pau, do pau do mamoeiro, até
parece com uma dança, mas é só doce caseiro. O doce de mamão verde feito com rapadura e cravos que nada mais é do que o
furrundu: 1 kg de mamão verde, 1 kg de rapadura, 6 cravos e a água necessária.
Faz-se uma calda com a rapadura e os cravos, e junta-se o mamão verde.
Cozinha-se até o doce soltar do fundo do tacho.
"Misturadas ao açúcar, nossas
frutas que por natureza já trazem o dulçor das terras e do sol constante, clima
tropical, se tornaram arte sob a batuta de sinhás portuguesas e mãos africanas,
que tanto encantaram estrangeiros e viajantes, desde os primeiros anos da
colônia. Em Minas Gerais, na região do Serro e Diamantina, a cultura do doce
remonta o período colonial. Entre os principais tipos relatados estão rapadura,
cocada, pé de moleque, ambrosia, arroz doce e doces de frutas, onde além dos
tradicionais de banana, goiaba, abóbora, cidra ralada, etc., e também o
furrundu. E como não poderia deixar de ser, as boas receitas atravessam
gerações e permanecem nas nossas cozinhas. Os nossos antepassados nos ensinaram
a reconhecer as mineiridades que nasceram nos fogões a lenha, nas grandes
cozinhas existentes nas casas.
"As compoteiras de cristal facetado, azul e verde, guardando
os doces secos e os doces em calda (outra vez cidra e laranja, e mais figo,
mamão, pêssego). A fila de compoteiras, na copa, valia por si só um poema."
Carlos Drummond de Andrade
E o nosso órgão do gosto que não é somente a
língua mas também o cérebro, que traz a cultura e a história que aprendemos e
que são transmitidas através dos tempos.
DOCE DE MAMÃO EM ANÉIS NA CALDA DE AÇUCAR
600g de mamão em anéis
1 colher (chá) de bicarbonato
Água para aferventar os anéis de mamão
PARA A CALDA
1 kg de açucar
07 cravos-da-india
02 cascas de canela
800ml de água
PREPARO
Em água fervendo coloque os anéis de mamão e o bicarbonato ainda com a linha da costura por 5 minutos. Ele fica verdinho. Retire e escorra.
Leve ao fogo o açucar, cravos, canela e água. Ferver por uns 10m. Se formar uma espuma por causa do açucar, retire com uma escumadeira. Coloque delicadamente os anéis do mamão. Deixar ferver e cozinhar sem desmanchar e formar uma calda levemente grossa. Desligue o fogo. Esfriar. Colocar em compoteira ou vasilha escolhida retirando com cuidado a linha. Quando servido em um ou 02 dias depois de preparado o sabor fica mais gostoso.
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